Continuando a nossa série "Tinha que ser em Bagé!", hoje apresentamos uma raridade. Digam aqui, só para nós: Quantos sabiam que tivemos na metade do "século passado" uma Orquestra Filarmônica em Bagé? Sim, tivemos. E orquestra com mais de 30 componentes... eu mesmo não sabia. E me digam também: que razões fazem uma cidade perder assim, na poeira do tempo, um grupo cultural tão importante? Claro, sabemos que os modelos econômicos também se refletem nos modelos culturais de uma região. O sucesso da economia traz desenvolvimento à cultura. Mas esse desenvolvimento se dá numa via de duas mãos. Quanto mais desenvolvida culturalmente, também mais atividade econômica haverá. Nossa orquestra fez sua primeira apresentação em 1951, no Cine Capitólio. O avô da colega Heloisa Beckman era um dos violinistas da nossa Filarmônica. Nas postagens sobre a Banda, os colegas sempre lembram a preocupação da professora Neiva, a responsável na época, pela seleção e treinamento dos componentes, e dela ter o desejo de que todos soubessem tocar todos os instrumentos. Ela não queria com isso apenas treinar a banda. Queria dar educação musical à turma. Que motivo será que levou as autoridades educacionais brasileiras a implantar a Reforma do Ensino imposta pelos norteamericanos, e acabar com o Ginásio, o Clássico, o ensino do Francês, da Música... o acordo MEC/USAID fez tudo isso... e obrigava, inclusive, o ensino do inglês desde a primeira série... Acabaram com o Canto Orfeônico, criado por Heitor Villa-Lobos "no tempo do falecido Dr. Getúlio", onde nos ensinavam todos os hinos: do Brasil, de Bagé, da Bandeira, da Independência... Independência? Ora vejam só... Que coisa hein? Bem, eu só queria perguntar porque não temos mais uma Filarmônica em Bagé... o resto são apenas algumas reflexões que deixo com os colegas.
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Mas, uma Orquestra Filarmônica em 1951... Tinha que ser em Bagé!
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Mas, uma Orquestra Filarmônica em 1951... Tinha que ser em Bagé!
13 comentários:
Vc tem razão Vaz! Houve uma grande contra-cultura à época.
Fui saber um pouco sobre Guerra dos Farrapos depois de adulto e pai de 2 filhos. Felizmente resgatamos isso e hoje até o hino ao Rio Grande é executado nas solenidades cívicas.
Lembro do início do Hino de Bagé,lançado na inauguração da nova iluminação da AV.7 de setembro:"Bagé, terra da gente.Que ao progresso diz presente. amanhã, o futuro será. Vamos participar e confiar". O governo municipal era exercido por um interventor. Mas nós da Banda do Estadual curtimos o desfile inaugural da iluminação.
Não sabia da Orquestra. Grande achado mais uma vez. Parabéns.
Meu filho Rossano, toca Violoncelo na Orquestra Filarmõnica de Pelotas, para orgulho do paizão.
Um abraço.
Jerônimo!
Não, não... esse não é o Hino de Bagé! Esse é um hino ufanista da época do "milagre".
O de Bagé é:
"Dos teus campos a linda verdura,
mostra força, grandeza, pujança,
pois na guerra demosntra bravura,
o teu filho empunhando uma lança..."
Vê no Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=FfQi6F4vZIY
Mais uma vez se faz presente o velho e popular jarjão, "povo que não tem memória, é um povo sem cultura". Todavia nós teimosos seguidores deste blog, estamos reconstruindo uma parte do passado que muitos não lembram ou não querem relembrar, mas como disse acima, nós teimosos, estamos pouco a pouco, peça por peça, feito um quebra cabeças, relembrando uma época que para mim foi especial e acredito que para todos deste blog também.
Não podemos de maneira nenhuma, deixar que as emoções que vivenciamos num passado tão próximo seja esquecida simplesmente. Lembrem-se do mundo nada levamos, mas podemos deixar nossa marca nele, e isso não sou eu que digo , nossos mestres do Estadual já nos diziam isso, e baseados nisso é que queremos manter essa chama acesa, e tenho dito.
Gerson, como diria o "povo" num velho comício em Bagé: Apoiado e Já ganhou!
Abs
Que fotografia espetacular !
Pois, quase não dá para acreditar, sim, já tivemos uma Orquestra Filarmônica, mas não sei como ela chegou ao fim. E, olhem bem, a fundação dela coincide com o período em que a grandeza econômica do município ainda estava no auge. Vaz, não há dúvida, essa é uma grande verdade, como falaste: "esse desenvolvimento se dá numa via de duas mãos". Se a orquestra tivesse se mantido, ajudaria muito Bagé a permanecer no terceiro lugar na economia do estado (1), dirigindo o foco artístico para a cidade, ajudando a segurar os investimentos e atraindo novos. Lembremos que nas grandes nações, as artes, e principalmente a música, a primeira das artes, são desenvolvidas ao máximo. Eu lembro sempre da cultura europeia e, em particular, da alemã-austríaca, pela qual tenho uma grande admiração, berço de Eisntein, Bohr, Beethoven, Mozart, Goethe (física, música, poesia) e também de Otto Lilienthal, um dos pioneiros da aviação, e um dos inspiradores de Santos Dumont; de Wernher von Brawn, que aperfeiçoou os foguetes modernos e pai do "Saturno V", que colocou os primeiros homens da lua; de Herbert von Karajan, o mais famoso maestro da "Berliner Philharmoniker", a Orquestra Filarmônica de Berlim.
Aproveitando, lembremos que, tradicionalmente, costuma-se chamar de orquestra filarmônica a que é mantida por entidades particulares, e de orquestra sinfônica a que faz parte de órgãos públicos, portanto, de cunho estatal. Mas não há diferença entre a constituição e tamanho das duas orquestras.
Logo, a Orquestra Filarmônica de Bagé devia ser da iniciativa privada, criada e mantida por um grupo de abnegadas e esforçadas pessoas.
Quem sabe o Festival Internacional Música no Pampa que teremos aqui, no estilo de festivais como o de Campos do Jordão, não seja o embrião que fará a nossa orquestra renascer ?
(1) Ver cronologia, no comentário do Ianzer, no post "O filho de Dona Severina, de 5/3/10.
Eu continuo impressionado com a qualidade e os detalhes da fotografia de 60 anos atrás. Seria interessante identificar, pelo menos, alguns personagens dessa fotografia/documento. Tenho quase certeza que o contrabaixista é o Manuel Arideu Monteiro, que já era músico, também teve formação pelo IMBA, e era integrante da banda (fanfarra) da antiga 3a Divisão de Cavalaria, na cidade. Era pai do nosso colega Ivoncléo Moreira Monteiro, cuja formatura na Escola Normal foi tema do post e comentários, de 30 de abril último, "Bendito fruto entre as mulheres".
Estou querendo advinhar quem é o avô da Heloisa, comparando com foto que conheço, mas não vou arriscar o palpite. E a única senhora de pé, será que é aquela professora famosa ? Parece ...
A fotografia foi batida após o concerto! Vamos ver se os colegas descobrem o porquê!
Hummmmm... porque já haviam entregado as flores para a dama de preto...
Corretíssimo ! Detalhes !... rsrsrs !
Hamilton, o nome correto é Manoel Aristeu Monteiro, foi contrabaixista da Orquestra. Pai do Ivonléo e do Ivoncléo, ambos músicos da melhor qualidade, diga-se de passagem.
Amigo Vaz, por que será, em algumas fotos quando dou um click não consigo amplia-la? É problemas da foto mesmo?
Voce comentou sobre a Gerusa, a menina mais bonita do Estadual. Na época ela namorava o Jayme Zanquim "o tigrão", um dos primeiros guitarrista do Viva a Gente, fumava demais da conta, lembras?
Argemiro, o nome era Arideu mesmo.
Existe um irmão do Ivoncléo e do Ivonléo que se chama Arideu e foi meu colega no Estadual, inclusive na fanfarra e na Banda Marcial.
Provavelmente ganhando o nome do papai, Manoel Arideu (maestro e professor no IMBA e membro da Banda do XII).
Vivagente: Que lembrança maravilhosa a tua. Era fã das apresentações deles.
Por último, realmente algumas fotos não consigo ampliar com o clic.
Abraço.
Jerônimo!
Miro e Jerônimo. Algumas fotos realmente possibilitam apenas só "um" click. Dependendo da resolução em "bits" em que me são enviadas, algumas permitem um "segundo" click de ampliação. É isso.
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