Esta postagem é dedicada ao
colega do Estadual, Gerson Mendes Correa,
que não conheceu o Caderno Avante.
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No início do ano
letivo era sempre a mesma rotina. Antes do primeiro dia de aula era preciso
passar nas livrarias Don Bosco, Previtalli, Miscelânea ou Predileta, e comprar
o material escolar para o semestre. Lápis, borracha, caderno. Estojo e pasta
não era preciso comprar. Esses dois itens durariam todo o Ginásio. Ao entrar no
Científico se trocava de pasta para mostrar que já não éramos mais aquelas
crianças de primeira ou segunda série. Era só por isso. As pastas, normalmente
de couro, estavam inteirinhas, quase novas. Mesmo depois de usadas durante
quatro anos, ou mais, no caso de ser herança de irmãos maiores. Mesmo
tendo passado por pequenas guerras de pastas, servirem de almofada nos
bancos gelados da Praça Esporte, elas resistiriam ainda muitos anos.
Os estojos,
normalmente de madeira, só precisariam de uma boa limpeza e estavam prontos
para mais um ano de uso. Novidades viriam na terceira, quarta série. Esquadro,
régua, transferidor, compasso... Uma caixa de lápis de cor e, dependendo da
graduação, uma que outra caneta de tinta Johann Faber, a precursora das
esferográficas modernas. Certamente um dia elas soltariam a ponta e deixariam
as famosas manchas azuis nas pastas, estojos e, muitas vezes, no uniforme....
As canetas Parker 51 só veríamos nas mãos dos
nossos mestres. Os famosos arquivos não eram bem vistos pelos professores.
Tirar ou acrescentar folhas na sequência das matérias não era politicamente
correto, mesmo numa época em que essa expressão ainda nem existia. Bom mesmo
era caderno, e caderno de grampo. Nada de caderno de molinha para ficar arrancando as folhas. Por isso, caderno, era o Caderno
Avante. Aquele dos escoteiros na capa. Grampeado no meio, com 50 folhas
pautadas e com aquela margem vermelha. O resto era supérfluo, coisas caras
para quem, como meu pai, tinha que “equipar” quatro filhos para o início das
aulas no Estadual. De brinde, ganhávamos um mata-borrão e uma grade de
horário que marcariam as atividades de todo o novo ano letivo.
O Caderno
Avante trazia na capa traseira a letra do Hino Nacional que cantaríamos inúmeras
vezes durante a mocidade.
O Caderno
Avante era sempre igual. Não mudava nada. Mas a cada ano, novinho em
folha, e cheirando a tinta, era como se fosse o primeiro caderno de nossas
vidas.
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15 comentários:
Foi bom lembrar das livrarias de Bagé, dos bons e velhos tempos.
A livraria Previtalli, que ficava na av. Sete em frente ao Imba, era propriedade de Previtalli & Conde, sendo o Sr. Previtalli pai do Naguinho, do Liader (dentista) e de outro (Gleider ?), que é engenheiro.
A livraria Miscelânea, que ficava na esquina da av. mal. Floriano com a av. Getúlio Vargas, pertencia ao pai da Professora Ilka Pegas, cujos irmãos eram o Írio (dentista) e o Davi, que foi presidente do Geceb.
Creio que o dono da Livraria Dom Bosco, que ficava na av. Sete em frente à praça de desportos, era o pai da professora Rachel Beckman.
Da livraria Predileta, lembro-me apenas que era próxima ao cine Avenida.
Será que todas ainda existem?
Tche Vaz, fiquei lisonjeado com esta postagem dedicada a mim, muito obrigado. Quero dizer dizer também que, como na tua época na minha os detalhes eram os mesmos, por exemplo:comprava-se o material escolar no início do ano e ele teinha que durar o ano inteiro. Lembro-me que meus pais me levavam na livraria Previtali e lá efetuavam a compra do material para pagarem em 6 vezes, e não se comprava nada supérfulo.
O mataerial era, os livros que os professôres pediam, cadernos de rascunho e de passar a limpo, caneta esferografica, lápis, borracha de duas cores, aquela vermelha numa ponta e azul na outra, a pasta ja tínhamos desde o ano anterior a qual ainda estava em estado de nova.
A livraria predileta, pertencia a familia Ruiz, que atualmente moram em Florianopolis. Já esta fechada há uns 10 anos...Esqueceram de citar a livraria Sulina...
Bah! Lucia, obrigado, mas ficava onde mesmo???
Mas, Gerson, com dedicatória e tudo, não lembraste do Caderno Avante? rsrsrs E tinha aquela borracha que era uma espécie de capacete para o lápis... dura que só ela, era um cuidado enorme para não rasgar a folha do caderno na hora de "deletar" algum erro.
Sim lembrei do Caderno Avante, mas não cheguei a usa-lo, não sei por qual o motivo, mas lembro que meus primos que moravam no sitio do meu avô, esses sim usanvam-no, tenho uma vaga lembrança disso. Quanto aquelas borrachas, elas eram verdadeiro horror, pois se colocássemos um pouco mais de força realmente ela rasgava a folha do caderno, os meus pais já nem compravam ela pra mim, pois sabiam que daria problema, porque tenho o braço pesado, pois a minha escrita marcava de tres para quatro folhas abaixo da que eu escrevia, eles até que tentaram aliviar meu braço mas não conseguiram.
No geral o material da nossa época era tão bom quanto o que ha de melhor no mercado hoje, todavia o material de hoje é mais "elaborado" para se mostrar mais atrativo e assim entusiasmar a gurizada, no entanto o nosso "atrativo" era o aprender e "ser alguém na vida" como diziam nossos pais, e hoje eles tem orgulho do que nos transformamos devido aos esforços que fizeram, e nesse ponto entra o Estadual como instiatuição de ensino público com mestres de ensino particular que fizeram de nós, homens e mulheres, que reprentamos nosso torrão natal com orgulho e responsabilidade.
Lucia e Vaz, foi bem lembrada a Livraria Sulina, mas ela já pertencia a uma "era mais moderna", anos 70 em diante. Ficava em uma daquelas galerias da Av Sete, que tem uma entrada pela avenida e outra defronte a lateral do Clube Caixeiral. Nas décadas de 50 e 60, os anos dourados do Estadual, predominavam essas quatro livrarias citadas. A rede Sulina fechou nos anos 90, pelo menos em Bagé e Santa Maria, onde cheguei a aproveitar a liquidação de encerramento e arrematei várias dezenas de preciosos livros. A Previtalli era mais especializada em livros didáticos. A Predileta, literatura em geral. A Dom Bosco e a Miscelânea, material escolar em geral. Mas, todas trabalhavam com bons livros e material escolar. Antes de fechar definitivamente, a Predileta funcionou em um prédio menor, defronte ao antigo e tradicional endereço.
Lucia
A filial da livraria Sulina ficava na galeria Alda Assunção(ou seria na galeria Glória?)
Na verdade, a Sulina, cuja matriz ficava em Porto Alegre, foi a grande rival da Livraria do Globo.
Infelizmente, para quem gosta de livros, ambas já faliram.
Atualmente, estamos sob o domínio das "mega" redes Cultura e Saraiva, ambas de São Paulo.
Uma pergunta polêmica: o e-book matará o livro de papel?
Olha, Olmiro, o Rádio e o Livro tem uma sina parecida. Desde que surgiram, sempre estão anunciando os seus fins a cada coisa nova que surge, no entanto eles continuam ai... Mas estamos, sem dúvida, numa transição para algo que ainda não sabemos o que será. Vejam que o JB, o famoso Jornal do Brasil, está anunciando que vai continuar apenas via internet e vai suspender sua edição impressa. Sinal dos tempos?
Ao lembrar do caderno e das livrarias, lembro muito bem das "figurinhas de passar" que comprávamos para "enfeitar" os trabalhos. Fazer um cartaz com cartolina e colar umas figuras dessas, era tudo de bom! E depois vieram os cadernos do MEC!
Sim, "Anônimo", aquelas que se colocava numa bacia com água, e depois da figura soltar, ia direto para o papel... bah!!! Os "cadernos do MEC" foram os primeiros cadernos tipo "universitário", em tamanho grande, confere?
Muito legal!!! Me fez lembrar da minha época de "primeiro grau". A minha pasta não era de couro, mas também se chamava pasta, mesmo sendo, na verdade, uma mochila (e também tinha que durar de um ano para o outro). Ainda usei estojo de madeira, com tampinha de correr, e caderno sem espiral de capa mole, forradinho com plástico para não sujar. Para a hora da merenda, tinha um leite quentinho dentro da garrafinha térmica da Termolar, e para acompanhar, um pão com Karo ou bolacha Maria recheada com manteiga. O legal era apertar bem a bolacha para ver as "minhoquinhas" de manteiga saindo pelos furinhos!
Bons Tempos!
Pois é, Michele... parece que o tempo passa e as crinças são sempre (quase) as mesmas. Bons tempos, sim, aqueles, os de ontem e os de ante-ontem.
Acredito que tudo o que se podia comentar a respeito desta postagem já foi dito aqui, LC Vaz. Mas, em função do tema que para mim também é significativo, não resisti e acrescento que no meu tempo, um pouquinho depois da era "caderno Avante", as mães dos estudantes entravam em filas imensas para comprar [bem mais barato, em uma casa que ficava ao lado da FAT FunBa, na Tupy Silveira] os tais cadernos Fename. Dava para comprar até pacotes com 10 cadernos. Mudava o ano e os cadernos mudavam de cor, mas o modelo de capa era o mesmo.
Bem lembrado, Sergio Fontana, era o tal "posto MEC" (Ministério da Educação/Fename), que tentou baratear os produtos escolares em uma "rede de papelarias" pelo Brasil afora. Em Pelotas havia a Livraria Pop, que era também um "Posto Mec". Ali na Sete, lembras? O responsável era o "seu" Dorival Micoll. Muito equipei a gurizada por ali. Também vendia livros de autores nacionais por um preço bem singelo.
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